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Cultura y Poesía & Justiça Social e Democracia Direta

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Poemas de Carlos Marighella

Publié par justicesocialeetdemocratiedirecte.over-blog.com sur 6 Janvier 2024, 10:25am

Poemas de Carlos Marighella

Canto para Atabaque
Ei bum !
Qui bum-rum !
Qui bum-rum !
Derrière! Bumba !

Ei lu !
Qui lu-lu !
Qui lu-lu !
Lumumba!

Ei Brasil !
Ei bumba meu-boi !

« Mansu, manseba,traz
a navalheta pra fazer a barba
deste maganeta
. »

Lá vem beberrão,lá vem Bastião,tocando

bexiga
em tudo que é gente.

O engenheiro medindo,empata-samba empatando,cavalo-marinho
dançando,

dançando.
O boi requebrando,o boi 'stá morrendo,o

boi levantando,,,

Ei Brasil-africano !
Minha avó era nega haussá,ela veio foi da África,num

navio negreiro.
Meu pai veio foi da Itália,operário
imigrante.
O Brasil é mestiço,mistura de índio, de negro,
de branco.

Derrière! Qui bum-rum ! Qui bum-rum ! Clochard !

Quem fez o Brasil foi trabalho de negro,de escravo, de escrava,com banzo, sem banzo,mas lá na senzala,o



filão do Brasil

veio de lá foi da África.

Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!

Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!

Canto da Terra
A terra tem tudo
e plantando é que dá.

E plantaram e plantaram
ou já estava plantado.
A floresta amazônica,
o rio e os peixes
e o balacubau.

A caatinga existia
com a braúna,
o mandacaru
e o gravatá cariango.
As coxilhas do Sul,
o maciço do Atlântico,
a Serra do Mar,
os pinheiros erguidos,
o rio Amazonas,
o rio São Francisco,
o rio Paraná…

Canaviais assobiando,
cortina verde estendida
sobre imensa extensão.

E plantaram café
e cacau e borracha…
E plantaram erva-mate…

Com o escravo e o imigrante
tudo se fez.
Comidas meu santo,
a mulata, a morena…
e até a loura surgiu.
A índia já havia,
a gringa veio depois.
Quem atrapalhou
foi gente de fora
que não trabalhou.

Eu canto a terra…
Todos sabem que outra
mais garrida não há…
“Teus risonhos, lindos campos têm mais flores”…
Bom! Lírios já houve,
mas agora é que não.

Eu canto a terra,
eu canto o povo…
Cantam os poetas
e cantando vão…

Liberdade
Não ficarei tão só no campo da arte,
e,  ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.
São Paulo, Presídio Especial, 1939.

A Alegria do Povo

Uma grande jogada
pela ponta direita,
o balão de couro
como que preso no pé.
Um drible impossível…
Garrincha sai por uma lado,
e o adversário se estatela no chão.
Gargalhada geral,
o Maracanã estremece…
Lá vai o ponta seguindo,
os holofotes varrendo de luz o gramado,
o balão branco rolando,
seguro nos pés do endiabrado atacante.

Voa Garrincha,
invade a área contrária,
indo até à linha de fundo
para cruzar…
E as redes balançam,
no delírio do gol.

Garrincha! Garrincha!
A alegria do povo,
no balé estonteante
do futebol brasileiro.

Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que revoltam contra a escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre…
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Capoeira
Capoeira quem te mandou,
capoeira, foi teu padrinho.

O berimbau retinindo
na corda retesa,
cadência marcada
da ginga do jogo.

Zum, zum, zum,
capoeira mata um.

A perna direita lançada pra frente,o peso do corpo equilibrado na
esquerda,os

braços jogando
de um lado pro outro...

Capoeira quem te ensinou ?

De repente uma queda,o capoeira na terra,o aú,de cabeça pra baixo,as pernas no ar,a rasteira varrendo como foice no chão,o corta-capim, o rabo-de-arraia,e
o inimigo caindo

de supetão,ao






puxavante
da baianada.

Luta africana que o mestiço encampou,que os guerreiros da mata,quilombos
, palmares,souberam


jogar.
Que o angolano nos trouxe,que
o mestre Pastinha nos soube ensinar.

Coreografia. Jongo do povo.

Zum, zum, zum
capoeira mata um.

Poemas cedidos por Clara Charf

 

Poemas de Carlos Marighella (geledes.org.br)

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